22 de setembro de 2009

Disfarçando frustração com arte...

Sou rosada e exata. Não tenho preconceitos.
Tudo o que vejo engulo imediatamente
Do jeito que for, desembaçado de amor ou aversão.
Não sou cruel, apenas verdadeira.

O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.

Na maior parte do tempo medito sobre a parede em frente.
Ela é lilás, pontilhada. Já olhei para ela tanto tempo,
Eu acho que ela é parte do meu coração. Mas ela oscila.
Rostos e escuridão nos separam toda hora.

Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
Buscando na minha superfície o que ela realmente é.
Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e as reflito fielmente.
Ela me recompensa com lágrimas e um agitar das mãos- Ah! As mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e vai.

A cada manhã é o seu rosto que substitui a escuridão.

Em mim ela afogou uma menina, e em mim uma velha
Se ergue em direção a ela dia após dia, como um peixe terrível.


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