21 de junho de 2009

Revolutionary Road



Foi apenas um sonho (Alfaguara, 2009, 312 págs.), originalmente publicado em 1961, se passa em 1955 e gira em torno de Frank e April Wheeler, um casal com o relacionamento em frangalhos, sempre prestes a entrar em mais uma crise. O romance tem início com o relato de uma apresentação teatral da qual April é a protagonista. A peça, que prometia ser um sucesso após o emocionante último ensaio, naufraga devido a uma substituição de última hora no corpo de atores. April, que se agarrava ao teatro comunitário como se ele fosse seu último fio de esperança na vida, sua última chance de fazer bem algo que ela realmente gosta, fica arrasada com o resultado da apresentação e, na volta para casa, ela e Frank têm uma grande discussão. Yates parte desta briga para narrar as agruras do casal e também o seu passado.

Quando se conheceram e começaram a namorar, na altura de seus vinte e poucos anos, Frank e April imaginavam que teriam uma vida tranquila e feliz, e que seriam parte da classe de pessoas abastadas financeira e intelectualmente. Afinal, eles eram jovens, bonitos, inteligentes e sabiam o que queriam. Mas um filho não planejado e, pouco tempo depois, outro, colocaram por terra os planos dos outrora jovens sonhadores. Frank, visto pelos amigos de faculdade como uma mente perspicaz e brilhante, teve de se resignar a trabalhar numa empresa que, a rigor, não conhecia a fundo, e tampouco se esforçava para conhecer:

"― A grande vantagem de um lugar como a Knox é que a gente pode desligar a mente todas as manhãs, às nove horas, e mantê-la desligada o dia todo, e ninguém vai notar ― Frank dizia."

April, antes uma garota "primeira classe" que sonhava em ser atriz, foi forçada a render-se aos afazeres de dona de casa, tornando-se mais uma das milhares donas de casa norte-americanas moradoras do subúrbio.

Alguns dias depois da briga, Frank completa trinta anos. Surpreendentemente, April, que o estava tratando com indiferença, organiza uma festa surpresa para o marido e depois, a sós, propõe uma mudança radical em suas vidas:

"O plano, nascido da tristeza e da saudade e do amor dela por ele, era um programa detalhado para se transferirem para a Europa 'permanentemente', no outono."

A partir daí segue-se um período de tranquilidade nas vidas do casal. Eles já não discutem mais, as conversas agora são todas animadas, sempre focadas no plano, Frank está mais disposto no trabalho e April, além de cuidar da casa, tem outras ocupações, como providenciar passaportes e comprar dicionários de francês. A mudança no ânimo de ambos é tão grande que Frank chega a receber uma proposta de promoção no emprego. Esse período de flores dura até o dia em que April confirma sua terceira gravidez, e as coisas jamais serão as mesmas para os Wheeler.

Como se não bastasse a vida triste e arrastada de um casal que vive assombrado pelos fantasmas do que poderiam ter sido e não foram, Foi apenas um sonho aborda temas como o adultério e o aborto, além de fazer duras críticas aos Estados Unidos através de declarações de Frank ("― Este país está podre de tanto sentimentalismo ― Frank disse certa noite, dando as costas à janela, com um movimento solene e andando pelo carpete. ― O sentimentalismo vem se alastrando como uma doença, há anos, há gerações, e hoje qualquer coisa que a gente toca parece estragada, de tanto sentimentalismo.") e de personagens próximos aos Wheeler, como Milly e Shep Campbell, amigos do casal, e Helen Givings, que se aproxima deles por força das circunstâncias e pelo fato de Frank e April serem "diferentes", segundo ela.

Não obstante alguns lampejos de esperança e bom humor, Foi apenas um sonho é, acima de tudo, um romance arrebatador, duro, amargo, sofrido. Um livro que deve ser lido por todo jovem casal que tem sonhos e pretensões de uma vida feliz e brilhante pela frente. Melhor que aprender com os próprios erros é aprender com os erros dos outros. E, por mais que seja uma ficção, os Wheeler certamente existiram e continuam existindo, é só mudar o sobrenome e o endereço.

Um comentário:

Anônimo disse...

Migaaaaaaaaaaa esse filme é ótimo!!!
bjuuuuuu
Cacá