2 de dezembro de 2009
Você só recebe aquilo que você dá
Nós temos a doença dos sonhadores,
14 anos de idade.
Eles deixam vocês de joelhos,
Tão bem-educados
Vocês estão ocupados ainda dizendo "por favor".
Amigos inimigos
Que, quando você está desanimado, não são seus amigos.
Toda noite
Nós amassamos seus Mercedes-Benz.
Primeiro nós fugimos,
E então nós rimos até chorar.
Mas quando a noite está chegando,
E você não consegue encontrar a luz,
Se você sentir que seu sonho está morrendo,
Segure firme.
Você possui a música dentro de si,
Não deixe que se vá.
Você possui a música dentro de si,
Uma última dança.
Este mundo vai sobreviver, (passar por isso, ultrapassar)
Não desista.
Você tem uma razão para viver,
Não pode se esquecer que
Você só recebe aquilo que você dá.
4 da manhã, nós corremos uma milha milagrosa.
Estamos completamente sem dinheiro,
Mas, ei, estamos com estilo.
Os maus ricos,
Deus está vindo para seu julgamento.
Mas quando a noite está chegando,
E você não consegue encontrar um amigo.
Você sente que sua árvore está se quebrando,
Exatamente nesse momento.
Você possui a música dentro de si,
Não deixe que se vá.
Você possui a música dentro de si,
Uma última dança.
Este mundo vai sobreviver, (passar por isso, ultrapassar)
Não desista.
Você tem uma razão para viver,
Não pode se esquecer que
Você só recebe aquilo que você dá.
Todo este maldito mundo pode se despedaçar,
Você vai estar bem, siga seu coração
Você está no caminho das injustiças, estou logo atrás,
Agora diga que você é meu.
Você possui a música dentro de si,
Não deixe que se vá.
Você possui a música dentro de si,
Uma última dança.
Este mundo vai sobreviver, (passar por isso, ultrapassar)
Não desista.
Você tem uma razão para viver,
Não pode se esquecer que
Você só recebe aquilo que você dá.
Não deixe que se vá.
Nós sentimos a música dentro de você.
Voe alto, (Tenha altas expectativas)
O que é real não pode morrer
Você só consegue aquilo que você dá,
Você vai conseguir aquilo que você der.
Apenas não tenha medo de viver.
Fraude de seguro-saúde, FDA mentiroso,
grandes banqueiros comprando,
Computador falsificado trava o jantar,
Clonando enquanto estão multiplicando.
Fotos de revista de moda,
Com a ajuda de 8 Dust Brothers, Beck, Hanson,
Courtney Love e Marilyn Manson.
Vocês todos são falsos,
Fujam para suas mansões,
Reanime-se,
Nós vamos chutar seus traseiros para dentro.
30 de novembro de 2009
Jubílo Memória Noviciado de Paixão
Dizer que coisa ao homem,
Propor que viagem? Reis, ministros
E todos vós, políticos,
Que palavra além de ouro e treva
Fica em vossos ouvidos?
Além de vossa RAPACIDADE
O que sabeis
Da alma dos homens?
Ouro, conquista, lucro, logro
E os nossos ossos
E o sangue das gentes
E a vida dos homens
Entre os vossos dentes.
19 de novembro de 2009
Clarice Lispector
Fiódor Dostoievski
Sua idéia é sórdida e imoral e exprime toda a insignificância da sua evolução. Peço que não se dirija mais a mim.
16 de novembro de 2009
22 de outubro de 2009
Fagulhas
desisto da idéia numa verbal volúpia
e recomeço a escrever
poemas
7 de outubro de 2009
Novo. Sem título.
Afogam os pensamentos
Remetendo os sonhos
Ao divã
As horas confundem-se
Com os desejos,
Traduzindo as formas
Em abstratos inertes
Na consciência
Prismas formam-se
E escorrem como suor
Pelos corpos grudados
Em puro êxtase
Atigindo um climax
Que retrocede,
Ao instante da perplexidade
De quando cruzei seu olhar.
Natália M. Klinke
Meus escritos
6 de outubro de 2009
1 de outubro de 2009
LXVII
"Vida da minha alma:
Um dia nossas sombras
Serão lagos, águas
Beirando antiqüíssimos telhados.
De argila e luz
Fosforescentes, magos,
Um tempo no depois
Seremos um só corpo adolescente.
Eu estarei em ti
Transfixiada. Em mim
Teu corpo. Duas almas
Nômades, perenes
Texturadas de mútua sedução."
Hilda Hilst (Cantares de Perda e Predileção, 1983.)
22 de setembro de 2009
Disfarçando frustração com arte...
Tudo o que vejo engulo imediatamente
Do jeito que for, desembaçado de amor ou aversão.
Não sou cruel, apenas verdadeira.
O olho de um pequeno deus, de quatro cantos.
Na maior parte do tempo medito sobre a parede em frente.
Ela é lilás, pontilhada. Já olhei para ela tanto tempo,
Eu acho que ela é parte do meu coração. Mas ela oscila.
Rostos e escuridão nos separam toda hora.
Agora sou um lago. Uma mulher se dobra sobre mim,
Buscando na minha superfície o que ela realmente é.
Então ela se vira para aquelas mentirosas, as velas ou a lua.
Vejo suas costas, e as reflito fielmente.
Ela me recompensa com lágrimas e um agitar das mãos- Ah! As mãos.
Sou importante para ela. Ela vem e vai.
A cada manhã é o seu rosto que substitui a escuridão.
Em mim ela afogou uma menina, e em mim uma velha
Se ergue em direção a ela dia após dia, como um peixe terrível.
Lista de Conselhos
-Escute sua mãe.
-Não peça nada emprestado que não possa devolver.
-Não use pessoas.
-Não se envolva ardentemente.
-Respeite.
-Tenha calma.
-Não se arrependa de coisas boas.
-Escute sua mãe.
-Não se irrite com o calor antecipadamente: ele vai chegar de qualquer maneira.
-Não mude por ninguém.
-Confesse.
-Escute sua mãe.
Ontém minha mãe me disse: - " Filha, homem é que nem biscoito. Vai um, vem oito!" -Hahahaha
Inspirada na lista de Mariabia
20 de setembro de 2009
De manhã
Tem aviões caindo ao longe,
Tem palestras intermináveis,
Tem boatos absurdos,
Tem pessoas que voltam de não sei onde pra falar coisas sem importância.
É, às vezes, tem você.
17 de setembro de 2009
16 de setembro de 2009
Linguagem é pele
Desmancho, refaço.
Desmancho, refaço.
Depois de tudo,ainda tenho que escolher.
Esse mel tá tão melado que tenho azia de mim mesmo.
E aquelas viagens semi planejadas, pré planejo com outros.
pré faço com outro.
pré farei com outros.
pré faria com você.
15 de setembro de 2009
Todos os dias
Queria isso todos os dias.
14 de setembro de 2009
E lá se vai mais um dia..
Ainda procuro síntese nas demoras. Nas suas demoras.
Morro de calor. Quero chuva, por favor. Me manda chuva pra conservar minha alma bem limpinha.
Não sei se apago, se rasgo, se queimo: Queimar não. Já tá tudo muito quente. Mas esse quente é fora, aqui dentro ainda tá tão frio. Deve ser a falta.
Às vezes eu penso que se eu pensar teu nome bem alto, você pudesse me ouvir. Mas não ouve.
Ainda sim, te mando retalhos de amor.
7 de setembro de 2009
Quando crescer...
você vai descobrir que defendeu mentiras, que enganou a si mesmo ou que sofreu por bobagens. Se você for um bom guerreiro, não se culpará por isso, mas tampouco desejará que seus horrores se repitam.
1 de setembro de 2009
Nostalgia
Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui.
Eu me tornei intolerável para mim mesma.
Vivo numa dualidade dilacerante.
Eu tenho uma aparente liberdade, mas estou presa dentro de mim.
30 de agosto de 2009
Meu coração não tem forma...
Um noturno de Chopin (será o número 5?) em que Jim Morrison colocou uma letra falando em morte, desejo e desamparo, gravado por uma banda punk. Couro negro, prego e piano.
Acesa, aceso - vasto, vivo: meu coração é teu.
27 de agosto de 2009
Garantias e Possibilidades
Só no começo
quero pegar, sentir, tocar, ser.
E tudo isso já faz parte de um todo,
de um mistério.
Sou uma só... Sou um ser.
E deixo que você seja. Isso lhe assusta?
Creio que sim. Mas vale a pena.
Mesmo que doa. Dói só no começo.
26 de agosto de 2009
Passado Próximo
Mas não se preocupe, não vou tomar nenhuma medida drástica, a não ser continuar, tem coisa mais autodestrutiva do que insistir sem fé nenhuma? Ah, passa devagar a tua mão na minha cabeça, toca meu coração com teus dedos frios, eu tive tanto amor um dia, ela pára e pede, preciso tanto tanto tanto, cara, eles não me permitiram ser a coisa boa que eu era.
17 de agosto de 2009
Price less
Vamos às compras?
Mercado lotado ( e eu nem sei pilotar aqueles carrinhos), muito bem, sejamos pacientes.
Ítem 1 da lista:
3 kilos de
Farinha de trigo: R$ 1,79 cada.
Ítem 2:
500 g de
Banha: R$ 2,49 cada.
Ítem 3:
1 pacote de
Requeijão: R$ 3,89 cada.
Ítem 4:
1 pacote de
Cheddar: R$ 2,69 cada.
Ítem 5:
500 g de
Linguiça Calabresa: R$ 7,19 cada.
Ítem 6:
1 pacote de
Fermento: R$ 2,09 cada.
Ítem 7:
500 g de
Peito de frango desfiado: R$ 5,12.
Ítem 8:
340 g de
Mussarela: R$ 4,56.
Ítem 9:
1 pacote de
Amendoim torrado: R$ 4,16 cada.
Ítem 10:
3 garrafas de
Vinho: R$8,98 ; R$ 12,29 ; R$ 13,69.
Total: R$ 72,52
Escutar no fim da noite de um grande amigo: " Ainda bem que você existe".
Não tem preço.
Para todas as outras existe: MASTERCARD!
Noite de muitas risadas, confusões e sujeira com o forno à lenha, dificuldade para acender tochas, clima romântico para 5 pessoas com lanternas marroquinas, música de excelente qualidade e claro, ótima comida!
Que venham mais noites como esta!
HAHAHAHAHA
Natália Marques
16 de agosto de 2009
Devolve, moço
Uma bruxa, uma princesa, uma diva, que beleza
Escolha o que quiser...
Mas ande logo, vá depressa
Nem se atreva a pensar muito
O meu universo ainda despreza
Quem não sabe o que quer...
Meu coração eu pus no bolso
Mas apareceu um moço
Que tirou ele dali
Não, isso não é engraçado
Um coração, assim, roubado
Bate muito acelerado!!
Devolve, moço
Devolve, moço
O meu coração do bolso
Devolve, moço
Devolve, moço
O meu coração do bolso
27 de julho de 2009
Que país é esse?
Depois de uma longa semana em Sampa,voltando pra casa, conheci um menino.
Ele entrou no ônibus da “ Santa Molezinha” pra vender doces. Eu lia o livro “ensaios sobre a cegueira”quando ele entrou, com aquela mala pesada, pensei: “Pobrezinho,cadê o pai dessa criança?”
Passou por todos os passageiros e vos ofereceu uma amostra grátis do chocolate “status”, disse que quem gostasse do chocolate levaria um pacote com 5 unidades por 3 reais. E que naquele dia ele faria uma promoção, quem pagasse 5 reais levaria um kit com 2 pacotes de chocolate "status", um chips de batatinha “degust” e um suco,quem não quisesse o suco poderia trocar por água.
Eu pedi um kit. Não comi nada até agora. Comprei mesmo para ajudá-lo. Perguntei seu nome, Robertinho. Esqueci de perguntar sua idade, mas deveria ter a idade do meu irmão, mais ou menos uns 12 anos.
Lembrei de quando eu era criança e passava sempre por um farol pra pegar a avenida Interlagos, meu pai era amigo de um garoto de rua (não me recordo do seu nome), ele era doente e vendia balinhas, muito gostosinhas por sinal.
Acho que foi dali que fui, aos poucos, construindo meu caráter.
Quando o Robertinho e sua lingüinha presa deixaram o ônibus, derramei algumas lágrimas, li o título do meu livro e pensei: Esse é o ensaio sobre a cegueira. A cegueira dos governantes, dos hipócritas, dos riquinhos de nariz empinado que só olham para os seus umbigos.
Quase deixei o ônibus e chamei o Robertinho pra morar comigo, dar escola e comida para aquele garoto, que num frio danado deveria estar brincando e não trabalhando. Mas eu não posso chamar todos os garotos de rua para morar na minha casa e tenho que me conformar com a realidade, porque a vida é essa e essa é a realidade do meu país, um país de tolos.
Generosidade.
Caráter.
Responsabilidade social: Passe a diante!
16 de julho de 2009
Mar de gente
Depois de incessantes dias nublados e chuvosos, saiu um solzinho e após desistir de voltar pra casa, aproveitei pra fazer um dos meus passeios preferidos: Ir à compras de metrô.
Adoro esses programas pé de macaco, me traz uma certa nostalgia dos tempos que vivia aqui.
Frases manjadas das quais não ouvia há tempos:
-Olha o rapa!
( e corre-corre, todo mundo se trombando)
-É um real, é um real!
-Moça bonita não paga, mas também não leva...
-Olha o brinco da novela..
E por aí vai...
Na volta, ultra mega cansada, começei a reparar nas pessoas do metrô.
Era uma moça com bebê no colo pedindo esmola, outro garoto com um óculos de sol super maneiro, um outro senhor reclamando da vida e falando mal dos políticos pro vagão inteiro ouvir, mas o que realmente me marcou foi um senhor. Preto véio, preto tu, ele lia um livro do Harold Robbins " O Contador de Histórias", livrinho velho, caindo aos pedaços, parecia ter sido comprado num sebo. Logo meu ocorreu a vontade de ir a um sebo e gastar meus últimos vinténs em achados.
Ri sozinha durante dois minutos e meio. Pensei como seria se você estivesse ali, nos mataríamos de rir dos comentários de tanta bobagem!
Mesmo depois de quinze dias de ausência você ainda ocupa meus pensamentos, em momentos ociosos.
Passei no mercado e em duas farmácias.
Cheguei em casa, comi igual a um bizerro. Começei a tricotar, estou na metade de um cachecol lindo, é, só assim pra esquentar minhas mãos nesse frio.
Entrei na net pra mandar uns emails, no msn, meu melhor amigo que não aparecia há uns vinte dias, resolve me falar " oi" e aproveitar pra dizer que você ligou pra ele querendo notícias minhas, como se não as tivesse.
Mais uma vez você.
Aperto no peito.
Quanta angústia, seber que ainda me afeta de tal maneira.
Começo a duvidar do meu poder de recuperação.
5 de julho de 2009
Falando por mim
"É para você que escrevo, hipócrita. Para você - sou eu que te sacudo os ombros e grito verdades nos ouvidos, no último momento. Me jogo aos teus pés inteiramente grata: bofetada de estalo, decolagem lancineante, baque de fuzil. É só para você e que letra tán hermosa -
Exaltação - Império Sentido na Avenida - Carnaval da síncope.
Pratos limpos atirados para o ar. Circo instantâneo, pano rápido mas exato descendo sobre a sua cabeleira de um só golpe de carícia, e o teu espanto!"
Ana C.
24 de junho
Pensamentos debatendo-se nas paredes do meu quarto.
Rolo de um lado para o outro da cama.
Sinto sede: é apenas o que sinto.
Já que não sinto mais fome.
Já que não durmo.
No corredor os quadros me remetem à recordações da minha infância e de um futuro não tão próximo, indesejado.
Contraditório.
Rio sozinha.
Natália M.
29 de junho de 2009
Out of reach
Não estavam certos
Eu fui idiota
Por um tempo
Louca
Por você
E agora eu me sinto
Como uma idiota
Tão confusa, meu coração está machucado
Sera que eu já fui amada por você?
Fora de alcance, tão distante
Eu nunca tive o seu coração
Fora de alcance, não conseguia ver
Não era mesmo para ficarmos juntos
Estou desesperada
Sinto sufocar e fico aqui
Me mantendo ocupada todo dia
Sei que ficarei bem
Mas agora eu estou
Tão confusa, meu coração está machucado
Sera que eu já fui amada por você?
Fora de alcance, tão distante
Eu nunca tive o seu coração
Fora de alcance, não conseguia ver
Não era mesmo pra ficarmos juntos
Tanto sofrimento, tanta dor
Leva um tempo pra repor
O que está perdido por dentro
E eu espero que em tempo
Você esteja fora da minha mente
E eu tenha te superado
Mas agora eu estou
Tão confusa, meu coração está machucado
Sera que eu já fui amada por voce?
Fora de alcance, tão distante
Eu nunca tive o seu coração
Fora de alcance, não conseguia ver
Não era mesmo pra ficarmos juntos
Fora de alcance, tão distante
Você nunca me deu seu coração
E ao meu alcance, posso ver
Há uma vida me esperando lá fora
26 de junho de 2009
MJ: The Invincible
23 de junho de 2009
Um pouquinho de Direito
A extinção da separação judicial e a revogação de todo e qualquer dispositivo legal que dificulte o término de um casamento, repete-se à saciedade, que não é outra a opinião entre a maioria de juristas e legisladores, afirmando a idéia de que o advento do Código Civil deixou passar oportunas inovações, ainda mais eficazes, buscando facilitar os casos de casamento em litígio, ou melhor, para não deixar que o simples requerimento de dissolução de casamento acabe se transformando numa lide.
Além disso, é incontestável que as razões que levaram à manutenção da separação judicial quando da edição da Lei do Divórcio, no ano de 1977, não mais persiste, considerando que a sociedade brasileira já se encontra evoluída o suficiente para perceber e aceitar que o divórcio não significou o fim da família, mas sim, uma solução para as uniões onde pereceu o afeto, condição de subsistência do relacionamento conjugal.
Para as partes envolvidas no processo, a separação judicial termina por ilustrar uma fase inquisitiva, investigatória, do processo de dissolução do casamento, onde se busca a certeza do pedido ou, ademais, a razão, o culpado para tal situação, quando, na verdade, não cabe a ninguém senão ao próprio casal saber as razões pelas quais não tem mais interesse na manutenção daquela relação.
Por outro lado, os prazos fixados em lei para a propositura da ação, no caso da separação judicial, de um ano de convivência podem ser incompatíveis com a realidade do casal naquele momento. Partir para o extremo, para uma demanda litigiosa, onde se tem uma decisão condicionada e que pode vir a ser contrária à vontade da parte que se viu compelida pela própria situação de incômodo, é permitir que o Estado penetre numa seara íntima que não lhe diz respeito.
Em que pese a declaração de cessação das obrigações matrimoniais, ainda assim, a separação judicial é tida pela maioria dos casais em fase de separação como uma penitência, haja vista a mesma não permitir que os mesmos contraiam novas núpcias, pelo menos, antes do prazo que lhes permita pleitear pelo divórcio. Insistem, os que defendem a manutenção de tal instituto, que a imposição de tal prazo deveria ser mantida por deixar aberta a duvidosa possibilidade de uma reconciliação, ou, em outras palavras, para que os ex-cônjuges repensem na sua decisão.
Ora, nem mesmo a possibilidade de reconciliação, disponível após a sentença que declara a separação, mostra-se como plenamente eficaz, principalmente quando comparada com facilidade de constituição de novo vínculo conjugal entre um casal divorciado, simplesmente, através de um novo casamento. No entanto, essa é mais uma desvantagem decorrente da manutenção do instituto da separação judicial no ordenamento jurídico pátrio.
O interesse pela manutenção ou rompimento do casamento não é público, mas sim, privado, pois é de interesse íntimo e exclusivo do casal a manutenção, ou não, do casamento, ou se haverá uma reconciliação no futuro. Apesar das garantias e direitos constitucionais referentes à dignidade da pessoa humana, e da proteção à família e ao casamento, não deve o Estado confundir tais preceitos com a privacidade dos indivíduos, que são os titulares de todos aqueles direitos e garantias, e a quem se referem todos os princípios basilares da Constituição Federal.
Ademais, a diminuição da intervenção do Estado nos pormenores das relações conjugais pouparia tanto o judiciário quanto os cidadãos de sofrerem desgastes psicológicos, e com despesas de cunho pecuniário com constituição de advogado, mobilização dos órgãos públicos como Ministério Público e Defensoria Pública, além de poupar os cartórios das Varas de Família de mais e mais ações de separação, cujo objeto, qual seja o vínculo matrimonial, já estaria, na prática, extinto entre as partes litigantes.
Evidente, portanto, que a opção pelo caminho da separação judicial é o mais longo, e sem dúvidas, o mais desgastante e penoso. Tendo a possibilidade de se desfazer da situação através de uma alternativa prevista em lei, que é o divórcio, reitera-se o questionamento acerca da manutenção do sistema dual de dissolução do casamento, defendendo-se a extinção da separação judicial e, mantendo-se o divórcio como meio para o desvanecimento do casamento, desde que sejam revistas, também, as normas que tratam deste instrumento.
Para tanto, recentemente, foi aprovada câmara a proposta de emenda constitucional que estabelece o fim do prazo para o requerimento do divórcio, logo, não há mais que se falar em separação judicial obrigatória antes do divórcio, o casal pode ingressar diretamente com o pedido de divórcio.
Natália Marques
21 de junho de 2009
Revolutionary Road
Foi apenas um sonho (Alfaguara, 2009, 312 págs.), originalmente publicado em 1961, se passa em 1955 e gira em torno de Frank e April Wheeler, um casal com o relacionamento em frangalhos, sempre prestes a entrar em mais uma crise. O romance tem início com o relato de uma apresentação teatral da qual April é a protagonista. A peça, que prometia ser um sucesso após o emocionante último ensaio, naufraga devido a uma substituição de última hora no corpo de atores. April, que se agarrava ao teatro comunitário como se ele fosse seu último fio de esperança na vida, sua última chance de fazer bem algo que ela realmente gosta, fica arrasada com o resultado da apresentação e, na volta para casa, ela e Frank têm uma grande discussão. Yates parte desta briga para narrar as agruras do casal e também o seu passado.
Quando se conheceram e começaram a namorar, na altura de seus vinte e poucos anos, Frank e April imaginavam que teriam uma vida tranquila e feliz, e que seriam parte da classe de pessoas abastadas financeira e intelectualmente. Afinal, eles eram jovens, bonitos, inteligentes e sabiam o que queriam. Mas um filho não planejado e, pouco tempo depois, outro, colocaram por terra os planos dos outrora jovens sonhadores. Frank, visto pelos amigos de faculdade como uma mente perspicaz e brilhante, teve de se resignar a trabalhar numa empresa que, a rigor, não conhecia a fundo, e tampouco se esforçava para conhecer:
"― A grande vantagem de um lugar como a Knox é que a gente pode desligar a mente todas as manhãs, às nove horas, e mantê-la desligada o dia todo, e ninguém vai notar ― Frank dizia."
April, antes uma garota "primeira classe" que sonhava em ser atriz, foi forçada a render-se aos afazeres de dona de casa, tornando-se mais uma das milhares donas de casa norte-americanas moradoras do subúrbio.
Alguns dias depois da briga, Frank completa trinta anos. Surpreendentemente, April, que o estava tratando com indiferença, organiza uma festa surpresa para o marido e depois, a sós, propõe uma mudança radical em suas vidas:
"O plano, nascido da tristeza e da saudade e do amor dela por ele, era um programa detalhado para se transferirem para a Europa 'permanentemente', no outono."
A partir daí segue-se um período de tranquilidade nas vidas do casal. Eles já não discutem mais, as conversas agora são todas animadas, sempre focadas no plano, Frank está mais disposto no trabalho e April, além de cuidar da casa, tem outras ocupações, como providenciar passaportes e comprar dicionários de francês. A mudança no ânimo de ambos é tão grande que Frank chega a receber uma proposta de promoção no emprego. Esse período de flores dura até o dia em que April confirma sua terceira gravidez, e as coisas jamais serão as mesmas para os Wheeler.
Como se não bastasse a vida triste e arrastada de um casal que vive assombrado pelos fantasmas do que poderiam ter sido e não foram, Foi apenas um sonho aborda temas como o adultério e o aborto, além de fazer duras críticas aos Estados Unidos através de declarações de Frank ("― Este país está podre de tanto sentimentalismo ― Frank disse certa noite, dando as costas à janela, com um movimento solene e andando pelo carpete. ― O sentimentalismo vem se alastrando como uma doença, há anos, há gerações, e hoje qualquer coisa que a gente toca parece estragada, de tanto sentimentalismo.") e de personagens próximos aos Wheeler, como Milly e Shep Campbell, amigos do casal, e Helen Givings, que se aproxima deles por força das circunstâncias e pelo fato de Frank e April serem "diferentes", segundo ela.
Não obstante alguns lampejos de esperança e bom humor, Foi apenas um sonho é, acima de tudo, um romance arrebatador, duro, amargo, sofrido. Um livro que deve ser lido por todo jovem casal que tem sonhos e pretensões de uma vida feliz e brilhante pela frente. Melhor que aprender com os próprios erros é aprender com os erros dos outros. E, por mais que seja uma ficção, os Wheeler certamente existiram e continuam existindo, é só mudar o sobrenome e o endereço.
O ato de transformar dor em flor
Brodowski, 1942/Portinari
Mesmo sem o privilégio de ter visto um quadro de Portinari (apenas reproduções em livros e fotos nas galerias virtuais), impossível não viajar pelo seu mundo tele-querido nas descrições de Drummond. Existem pintores de palavras e escritores de imagens. Esse casamento entre caneta e pincel, papel e paleta, encontra uma moldura perfeita no poema A Mão, de Drummond. Com o poder de encantamento de suas palavras, Drummond pinta Portinari e nos dá uma visão sonora da vivência pictórica do artista, de pensar o mundo em formas e cores, com toda a ebulição de seu processo criativo. E chegamos ao êxtase de ver uma mão de olhos azuis desprendendo-se da tela, infinita, e voando para nunca mais, assim, de se tocar e ser tocado e escorrer tinta e chorar imagens de pura emoção.
Na moldura do poema, nos deixamos fundir, como numa queda livre de nuvens e azuis, tinta fresca e palavra nova, inventada no gozo expandido de todos os sentidos da criação. "(...) A mão está sempre compondo/módul-murmurando/o que escapou à fadiga da criação (...)”. Como Drummond, em suas palavras, também ficamos frenéticos e extasiados de ver o cafezal e o sonho, a estrela dourada que o garoto pinta na capela, jangadas, pandorgas, entre guerra e paz e o aroma primeiro do Brasil e tantos outros... Comemos com os olhos uma pintura falante, gritante, saltando pra dentro da gente e ali encontrando a gangorra do infinito. E chegamos, sim, a tocar com os olhos da imaginação a "criança que balança como flor no cosmo" e "torna humilde, serviçal e doméstica a mão excedente/em seu poder de encantação".
Há anos leio este poema e descubro sempre novas belezas, ritmos, texturas, cores, matizes, cheiros e intervalos, inflexões, um serpenteado de luz sendo coada em espaços e formas inusitadas, às vezes oblíquas e aéreas, mas recortadas no contra-luz de dentro da nossa emoção de cada momento com o seu retrato.
As pinturas que não vi de Portinari tocaram fundo a minha alma pela caneta-pincel de Drummond e estenderam-se infinitamente no horizonte em que relampejos permitem a contemplação imaginária do ato da criação, gênese poética imprimindo de forma etérea imagens pulsantes num dia azul e claro de Junho de 2009 em que sinto falta do que me espreita bem longe dentro de mim. Aí, eu me debruço na janela deste texto e penso que posso, quase acreditando, transformar dor em flor!
18 de maio de 2009
13 de maio de 2009
Quer rir um pouquinho?
Não dou conta!
Em homenagem àqueles que estavam presentes: Aí vai!
Melhor cena de comédia do cinema de todos os tempos!
Com ou sem culpa?
Aonde vamos parar?
Deputado que "se lixa" para opinião pública quer que reunião do Conselho de Ética seja aberta
MÁRCIO FALCÃO
da Folha Online, em Brasília
"O deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) defendeu nesta terça-feira que a reunião do Conselho de Ética da Câmara de amanhã que vai decidir sobre a sua saída da relatoria do processo contra o deputado Edmar Moreira (sem partido-MG) seja aberta. Moraes disse que não vê problema em discutir a troca de relatoria em público.
"Eu sou favorável a reunião aberta, fui nomeado em sessão aberta e gostaria de debater esse assunto em reunião aberta", disse Moraes.
O presidente do órgão disciplinar, José Carlos Araújo, disse que alguns integrantes do conselho pediram o fechamento da sessão para evitar um novo desgaste para o conselho com a falta de consenso entre a saída de Moraes. Araújo disse que após a decisão de quem será novo relator, deve abrir a reunião. "Depois de toda essa confusão, acredito que o melhor é nos preservarmos. Não é para esconder nada, mas para evitar mais tumulto em torno desse caso", afirmou.
Moraes sustentou que se o colegiado insistir na sua saída ele irá recorrer ao STF (Supremo Tribunal Federal). O deputado se tornou alvo de críticas dos colegas do órgão disciplinar após sinalizar que engavetaria o processo contra Moreira e de dizer que "se lixa" para a opinião pública. "Não saio da relatoria, não admito ser retirado, não pedi para entrar e não vou pedir para sair", disse.
A reunião do conselho para decidir sobre a relatoria do processo contra Moreira estava marcada para hoje, mas o presidente do colegiado não conseguiu se deslocar para Brasília. A Folha Online apurou que o presidente do conselho encontra dificuldade para encontrar um substituto para Moraes. Ele nega e afirma encontrou quatro nomes, mas que ainda falta bater o martelo e manterá sigilo até a decisão final.
Segundo Araújo Moraes deve ser afastado por antecipar seu voto antes mesmo da apresentação do parecer. Moraes sinalizou que deve absolver Moreira no processo de cassação por suposto uso irregular da verba indenizatória.
Por conta do adiamento, o conselho remarcou para quarta-feira da semana que vem o depoimento de Edmar, que estava previsto para amanhã. "
Já comprou o seu hoje?
12 de maio de 2009
Aflita!?!Quase nada!
"Aflição de ser eu e não ser outra
Aflição de não ser, amor, aquela
Que muitas filhas te deu, casou donzela
E à noite se prepara e se adivinha
Objeto de amor, atento e bela
Aflição de não ser a grande ilha
Que te retém e não te desespera
(A noite como fera se avizinha)
Aflição de ser água em meio à terra
E ter a face conturbada e móvel
E a um só tempo múltipla e imóvel
Não saber se se ausenta ou se te espera
Aflição de te amar, se te comove.
E sendo água, amor, querer ser terra."
Hilda Hilst
A Outra
Terminei de ler o livro: As seis mulheres de Henrique VIII, de Antonia Fraser, muito bom por sinal, conta a história das mulheres, de Henrique e da política e economia da época. Para quem quer conhecer um pouco da história da Inglaterra no século XVI, de como surgiu a Reforma Protestante.
Recomendo também o filme A Outra, uma fascinante e sensual história de intriga, romance e traição. Duas irmãs, Anne (Natalie Portman) e Mary (Scarlett Johansson) Bolena conduzidas pela ambição da família, na busca pelo poder e status se envolvem em um jogo, onde o amor e a atenção do rei da Inglaterra é o objetivo.